Há muito tempo que queria visitar Chatsworth, em Inglaterra, e no passado dia 10 de Junho tive a oportunidade de o fazer quando visitei a primeira edição do Chatsworth Flower Show, organizado pela RHS – Royal Horticultural Society.
Para além da exposição, o meu desejo de visitar Chatsworth vinha já de há muito tempo, quando conheci a história do grande jardineiro, Joseph Paxton (1803 – 1865), que se tornou naturalista, arquiteto e foi chamado de o homem mais ocupado de Inglaterra.
Joseph Paxton foi trabalhar para Chatsworth em 1826, com 23 anos. A propriedade pertencia aos Duques de Devonshire, sendo o 6º Duque, William Cavendish, o Duque contemporâneo de Paxton. A relação entre patrão e empregado evolui para uma grande amizade e juntos transformam a propriedade tendo esta uma extraordinária importância na história da botânica mundial. O Duque era riquíssimo e patrocinou expedições por vários cantos do mundo contratando os melhores caçadores de plantas. Com estas expedições e a sabedoria de Paxton, muitas foram as espécies que floriram pela primeira vez na Europa em Chatsworth.
O jardim de hoje não é nada como foi naquela altura dourada e a coleção de orquídeas, uma das mais importantes da época, infelizmente já não existe. Mas para mim o mais importante foi estar lá. No mesmo local onde há quase 200 anos se conseguiram maravilhas no mundo da botânica.
Mas eu só tive um dia e havia também o Flower Show para ver. Após uma visita ao palacete (a parte aberta ao público, pois ali moram os actuais Duques de Devonshire), dei um rápido passeio pelo jardim mais próximo da casa (assinalado no mapa) onde existem um jardim formal e uma parede forrada a estufas que acolhem um pomar de árvores em espaldar. Só assim, naquela parte de Inglaterra se podem cultivar árvores de fruto que não resistam aos frios Invernos de Derbyshire.
Há muito mais para ver, as estufas com plantas tropicais (mas sem orquídeas), os vários hectares de bosque com árvores plantadas de sementes trazidas dos quatro cantos do mundo, os lagos, fontes e grutas, jardins rochosos, labirintos e tantos outros aspetos do jardim que ainda hoje existem, mas não houve tempo. Terei de voltar num futuro não muito distante, sem as multidões atraídas pelo Flower Show, para ver tudo calmamente. Mas para já considero-me satisfeito. Respirei o ar de Chatsworth. Estive lá.
Para quem ficou com curiosidade sobre Joseph Paxton, aconselho a leitura do livro “A Thing in Disguise – The Visionary Life of Joseph Paxton”, de Kate Colquhoum.