Página Oficial de José M. M. Santos

Angraecum sesquipedale

A floração deste ano do meu exemplar este ano premiou-me com três flores!

É um dos mais famosos Angraecum devido a ter sido objeto de admiração científica por Darwin e outros da sua época devido ao inseto polinizador desta flor ser ainda desconhecido.

Uma flor de tamanho considerável.

Em Agosto de 2015, escrevi um artigo sobre esta espécie e a história da sua relação com Darwin.

«Em 1862, Charles Darwin recebeu uma caixa de plantas de um horticultor e colecionador de plantas exóticas, James Bateman, e nessa caixa encontrava-se um exemplar da flor de uma extraordinária orquídea – O Angraecum sesquipedale. Numa carta a um amigo, Darwin escreveu “I have just received such a box from Mr. Bateman with the astounding Angraecum sesquipedalia [sic] with a nectary a foot long. Good Heavens what insect can suck it” (traduzindo, seria algo como “Acabei de receber uma caixa do Sr. Bateman com o espantoso Angraecum sesquipedalia com um nectário com um pé de comprimento – aproximadamente 30cm. Sabe Deus que inseto conseguirá suga-lo.”).

Os Angraecum sesquipedale são orquídeas endémicas de Madagáscar. Crescem a baixas altitudes, agarradas a árvores de grande porte ou rochedos na costa Este da ilha. A planta tem crescimento monopodial e as folhas grossas, dobradas longitudinalmente e dispostas em forma de leque. Da base das folhas emergem as hastes florais com 1 a 3 flores grandes, em forma de estrela. Quando abrem são brancas com uma sombra esverdeada mas à medida que vão amadurecendo vão ficando com um atrativo branco cremoso. A flor pode atingir os 16 cm e o famoso nectário tem um comprimento entre os 30 e os 35 cm.

Poucos dias após a primeira carta, Darwin volta a escrever ao amigo onde diz que “em Madagáscar deverão existir traças com um probóscide suficiente para se alongar entre 10 e 11 polegadas (25,4 – 27,9 cm)”, no original “In Madagascar there must be moths with probosces capable of extension to lenght of between ten and eleven inches”.  Esta previsão de um inseto, uma traça, ficou famosa nos meios científicos da época, aceite por uns e ridicularizada por muitos pois não era conhecido nenhum animal do tipo em Madagáscar.

Em 1907, cerca de 20 anos após a morte de Darwin, foi descoberta uma borboleta noturna em Madagáscar, com 16 cm de tamanho, da ponta de uma asa à outra e com um probóscide enrolado mas podendo atingir mais de 20 cm de comprimento quando distendido. Mas uma coisa era haver a hipótese de haver um animal capaz de se alimentar do néctar escondido do fundo do nectário da flor do Angraecum sesquipedale e outra coisa seria prova-lo. E a prova documentada desse facto só foi possível em 1992, quando se conseguiu filmar e fotografar a traça a sugar o néctar do longo nectário do Angraecum sesquipedale.  A previsão de Darwin de que teria havido uma evolução conjunta, ou uma coevolução, da flor desta orquídea e da borboleta de modo a que ambas beneficiassem desse facto, a traça ao alimentar-se do néctar e a orquídea ao ser polinizada, ficou imortalizada no nome do inseto, Xanthopan morganii praedictae, uma sub-espécie da Traça Falcão Gigante do Congo. A palavra praedictae está evidentemente relacionada com a previsão de Darwin.»

Reparem no comprimento do nectário.

Este meu Angraecum sesquipedale está comigo desde 2009, foi comprado na exposição London Orchid Show, no ano do bicentenário do nascimento de Darwin, onde se contava esta história da “orquídea de Darwin”.

Cultivo-a todo o ano na estufa, aquecida no inverno, e com luz filtrada.

Um perfil magnífico.

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